Bancos digitais: o que são, fazem e ameaçam!

Segundo Chishti (2017), todos os serviços financeiros são uma resposta a quatro necessidades básicas das pessoas: trocar dinheiro, poupar ou investir, financiar, ou comprar seguros contra risco e, para isso, existem os bancos.

Provavelmente você já tenha ouvido falar sobre eles. Talvez tenha ainda entrado em um e se deparado com alguns clientes esperando sua vez no caixa enquanto outros enfrentam problemas com a porta giratória detectora de metais! Fato é que os bancos foram e são essenciais para o modo de vida capitalista atual. Contudo, as agências físicas tradicionais vêm perdendo espaço para alternativas que se adequam melhor à realidade. Isso porque as pessoas buscam por maior celeridade em suas transações e a burocracia é sinônimo de perda de tempo em uma época em que este é um bem cada vez mais escasso.

Neste cenário, acompanhando a digitalização dos serviços de compras, surgem as fintechs com o intuito de proporcionar uma alternativa àqueles clientes do setor financeiro em busca de facilidade e agilidade.

O termo fintech vem do inglês: fin (financial) + tec (technology) e remete às startups, grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza, de serviços financeiros. Dentro dos serviços oferecidos pelas fintechs, pode-se citar o serviço de pagamento, investimento, empréstimo e gestão financeira.

No nicho das fintechs, estão incluídos os chamados bancos digitais. Estes bancos possibilitam aos clientes serviços financeiros online desde a criação de conta bancária até as operações como transação, investimento e pagamento. Diferem dos chamados internet banking, pois ao contrário destes, não possuem nenhuma agência física, operando 100% na forma digital.

Atualmente, os bancos digitais vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Entre os serviços prestados por eles, pode-se elencar o cartão de crédito, muitas vezes sem anuidade e controlado pelo aplicativo do banco. Isso faz com que se possa, pelo smartphone ou tablet, pedir alteração no limite, mudar o vencimento da fatura e bloquear ou desbloquear o cartão. Há, ainda, as contas digitais sem tarifas de manutenção que aplicam juros sobre o dinheiro nela mantido e fazem transferências de dinheiro ilimitadas e gratuitas.

Em virtude dessas características, os bancos digitais conquistaram um público significativo no contexto brasileiro. Segundo pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de 2020 as operações de transação, pagamento de contas e contratação de crédito por meio dos mobile banking (canal digital bancário) aumentaram em 43%, 39% e 47%, respectivamente, em 2019, quando comparadas ao ano anterior. Enquanto isso, as agências tradicionais apresentaram os valores de -2%, -1% e 4% nos mesmos critérios. Ainda segundo a Federação, o número de contas ativas com Mobile Banking para pessoas físicas cresceu 34% em 2019 e as pessoas jurídicas também aderem ao canal na mesma proporção. Por fim, a pesquisa também aponta o crescimento dos bancos digitais no contexto da pandemia em 2020. Os dados sugerem que entre janeiro e abril as transações bancárias realizadas por pessoa física no Mobile cresceram 22%, enquanto nas Agências caiu 53%.

Entretanto, nem tudo são flores nos bancos digitais e se deve atentar para os riscos desta modalidade. Alguns dos pontos que demandam atenção são:

● Inadimplemento: a facilidade pode sair pela culatra! O cartão de crédito dos bancos digitais, mesmo simples e moderno, ainda funciona com base na cobrança dos juros rotativo. Caso o cliente não pague o valor total da fatura, a dívida restante será cobrada no próximo mês com os juros mais caro do mercado que, segundo o Banco Central, em maio de 2020, estavam em 298,6%;

● Por se tratar de um serviço online, os clientes estão sujeitos aos riscos de ataque cibernético e vazamento de informações relevantes;

● Não há uma agência física, portanto os problemas são solucionados por meio de atendimento virtual, como nos chatbots ;

● Dependência da tecnologia, já que é por meio desta que as ações são realizadas;

● Normalmente não se tem acesso a serviços de cheque;

● Os depósitos são feitos através de boletos, cabendo ao usuário imprimir e pagar para que possa haver uma posterior utilização;

● Não há a opção de débito automático para pagamento de contas como de luz, água, ou telefone, nem tributos municipais, estaduais ou federais. Não é possível também fazer recarga de celular. Em suma, os bancos digitais vieram para oferecer serviços financeiros, adequando-se ao ritmo acelerado da vida das pessoas. Saber sobre eles e outros temas relacionados ao sistema financeiro é fundamental para uma boa administração dos recursos econômicos. Por isso, fique sempre atento às novidades do mercado e busque por fontes confiáveis de educação financeira. Estude, conheça e viva mais tranquilamente em um mundo que não para!

REFERÊNCIAS

CHISHTI, S.; BARBERIS, J. A revolução Fintech: o manual das startups financeiras. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. FEBRABAN. Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2020. Disponível em: Acesso em: 15. Mai 2018

Jean C. da Cruz
Acadêmico da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Samuel de Andrade Peçanha
Acadêmico da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.